“Que você seja mãe de cem meninos.”

É um mantra milenar recitado pelo sacerdote hindu para a noiva durante o casamento. As indianas são discriminadas antes mesmo de nascerem: mulheres da família se unem em preces sagradas para pedir que o feto de uma gestante seja masculino. Se não for, aconselham o aborto. Meninas não são benvindas e estão desaparecendo da India.

Famílias de baixa renda com mais de um filho, priorizam sempre os meninos: se houver pouca comida na casa, devem ser alimentados primeiro. Qualquer outro tipo de gasto com saúde ou educação deve ser concedido sempre a eles.  As meninas são tão negligenciadas que a probabilidade de morrerem entre 1 e 5 anos de idade é 75% maior que a dos meninos.

Não é raro os pais as batizarem de “Anaamika” (“sem nome” em sânscrito) para deixarem bem claro o seu descontentamento e as castigarem para sempre por terem nascido. Ser uma mulher, na India, é antes de tudo ser uma sobrevivente. É viver em um mundo antigo dentro de um moderno.  As indianas me surpreendem pela força, pela resistência e pelas mudanças que aos poucos têm conquistado em uma sociedade entregue a crenças e costumes tão machistas. Esse ensaio singelo nasce da minha admiração e respeito por todas elas.

Fotos e Texto de Tatiana Ribeiro.

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