O Chou sempre foi minha preferência. Fotografar a chef Gabriela Barretto e seu restaurante quase secreto se tornou meu motivo de orgulho, auto-conhecimento e muita satisfação. Esse trabalho atual consiste em um corpo único, desenvolvido entre Março de 2015 e Agosto de 2016 culminando com o lançamento do livro “Como Cozinhar Sua Preguiça” lançado pela editora Melhoramentos.
Mas a história começa muito antes disso, eu tinha me mudado de Araras para Campinas para trabalhar com fotografia, na época eu comandava um pequeno estúdio de minha família e foi quando eu conheci a Gabriela que estudava letras na Unicamp. Durante o tempo que convivemos em Campinas, eu acabei por conhecer sua cidade natal, Descalvado, e toda a sua família. Quando a Gabi foi estudar culinária em Paris por um bom tempo não tivemos contato, a não ser algumas vezes que eu pedia para ela traduzir regulamentos de concursos fotográficos que estavam em francês, para que eu pudesse participar.
Depois de morar na França, na Itália e na Argentina por um tempo, a Gabriela voltou ao Brasil como chef de cozinha e começou a trabalhar em alguns restaurantes em São Paulo, os quais eu fiquei de ir conhecer mas nunca fui e um dia ela me escreveu dizendo que estava abrindo seu próprio restaurante e que estava precisando fazer algumas fotos. Minha primeira incursão ao Chou foi em meados de 2010 e foi amor a primeira vista. Desde então eu comecei a criar todo o material audiovisual para o pequeno restaurante e para a amiga, agora chef, estabelecida numa pequena casa em pinheiros.
Um dia, por volta de março de 2015, enquanto eu fazia viajem pela India, recebi um email da Gabriela, contando que tinha recebido uma proposta de fazer um livro, e que havia concordado desde que pudesse realizar o trabalho com a sua equipe, ou seja, ela estava me convidando para fotografar seu primeiro livro de receitas autorais. Aquele tipo de trabalho irrecusável o qual topei de primeira e em agosto do mesmo ano começamos a trabalhar nas receitas.
As receitas e o estilo do Chou me levam a simplificar ao máximo minha fotografia, embora eu estivesse trabalhando com duas cameras, e duas lentes, eu busquei simplificar ao máximo meu equipamento e principalmente a minha luz. Desenvolvi um set mínimo e passei a trabalhar apenas com o necessário para preenchimento ou difusão da luz natural. Nenhuma foto do livro é montagem, mock up ou produção falsa pra ficar bonito. Nenhuma luz é artificial. Tudo no Chou é simples, é sincero e é de verdade. A fotografia do Chou não poderia ser diferente. O que vocês podem ver nesse livro é um recorte fiel a alma do restaurante, seus pratos e principalmente a pessoa por traz disso tudo. Minha mais honesta e verdadeira visão, sem requintes e sem firulas.